15/12/2018

Doki Doki Literature Club


Há um tempo atras todo mundo falava de Doki Doki Literature Club e em como ele tinha um plot twist e era bem dark, todavia uma coisa que muito gente se esqueceu de comentar enquanto recomendavam este jogo é a sua abordagem a assuntos sérios e as emoções que o mesmo acarreta.

Contém SPOILERS de Doki Doki Literature Club!

É compreensível que muita gente se tenha ficado pelo shock em descobrir que a Monika na verdade sabia que estava dentro de um jogo o tempo todo, eu própria fiquei perplexa com a mestria do criador em montar tudo de forma tão real.

Afinal cada detalhe desde a poesia que Monika apresenta até a eventual revelação encontram-se cheios de subtis pistas que ficam indiferentes ao jogador, até porque quantas obras não quebram a quarta parede de forma a induzir alguma piada?


Isso tudo misturado com o pequeno detalhe de existirem ficheiros txt. com mensagens de Monika para o jogador, assim como tornar a interação com os ficheiros do jogo uma parte do gameplay fazem com que qualquer um fique rendido á obra.

Mas apesar de eu também ter ficado imersa nessa reviravolta chocante, o que realmente acabou por me marcar na visual novel foi a maneira como ela abordou assuntos como depressão, self-harm e violência domestica.

As historias contadas por Sayori, Yuri e Natsuki foram o verdadeiro prato principal na minha opinião, mas talvez pelas situações das ultimas duas terem sido abordadas de uma forma mais subtil fazendo forte uso dos gliches, eu tenha ficado mais ligada a Sayori.


Desde que comecei a ver imagens do jogo até eventualmente o ter jogado, ela sempre foi a que mais me chamou atenção, no entanto por indicação do Gustavo, um amigo e igualmente seguidor aqui da família dos impopulares, a minha primeira rota foi a de Yuri.

Devido a isso quando eu propositadamente comecei a dar preferência á mesma em vez da amiga de infância, senti me horrivelmente mal quando foi revelada a sua situação, afinal no jogo eu sou o melhor amigo dela e mesmo assim fui incapaz de perceber o seu estado, ainda por cima deixei-a para me focar noutra rapariga.


Com esse pensamento eu decidi-me a salva-la, afinal o jogo até brinca que a gente pode sempre voltar atrás e mudar as coisas, assim eu joguei todas as rotas e escolhi todas as diversas opções com a esperança de que alguma fosse entregar-me o meu tão desejado final feliz.

Mal sabia eu que esse final não existia, já próxima do fim da minha ultima rota eu sentia-me impotente com as lágrimas a beirar no canto dos olhos, afinal eu havia tentado tudo, cada rota, cada opção de dialogo e nada. Sayori sempre morria no fim e eu ficava a pensar como o protagonista é estúpido por não notar, como ele devia ter ido acorda-la antes do festival ou em como eu não consegui-a realmente mudar o destino.


Penso que seja assim que as pessoas que perdem entes queridos neste tipo de situações se sintam, como se de alguma forma a culpa seja nossa por não notar e conseguir ajudar ou mesmo raiva da pessoa que morreu por ser egoísta.

 A verdade é que no fim a depressão é mesmo isso, um sentimento avassalador que nos deixa desligados do mundo, com uma dor enorme e uma necessidade de a fazer desparecer a qualquer custo, mesmo que isso acabe por magoar aqueles que mais amamos.

No fim eu compreendo a Sayori e não a censuro minimamente, afinal rainclouds conseguem ser insuportáveis e desgastantes, acreditem. Mas isso só me da mais motivos para enaltecer está obra magnifica capaz de manipular os jogadores e ao mesmo tempo ensina-los sobre assuntos sérios.

Não sei se chamaria a este jogo o 13 Reasons Why dos vídeo jogos, uma vez que não se leva tanto a sério como o primeiro, mas a verdade é que ambas as obras fizeram me ter uma nova perspetiva sobre estes temas tão pesados e ao mesmo tempo tão desvalorizados por tantos.

Bem termino aqui o meu monologo de Doki Doki Literaute Club e agora vou voltar a ler fanfics no AO3 sobre as diversas interpretações que cada um teve da obra. Ou só ver mais dos best shipps Natsuki x Yuri e Monika x Sayori. 

Vale salientar que eventualmente eu tomei conhecimento do “Best Ending”, mas ele dá tanto trabalho e no fim acaba-se sempre por ter que assistir ao suicídio, sem falar como é que podem chamar “Best Ending” quando se apaga a Monika?!

Este sim é um Best Ending.


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