30/05/2020

Resenha - She-Ra e as Princesas do Poder - Outros


Informações
Nome: She-ra e as Princesas do Poder
Episódios: 52 (T1: 13; T2: 7; T3: 6; T4: 13; T5: 13)
Lançamento: 2018 - 2020
Estúdio: DreamWorks
Gênero: Ação, Aventura, Fantasia, Sci-Fi
Duração: 24 min.

Sinopse: She-ra, Princesa do Poder, lidera uma rebelião para libertar a sua terra Etheria dos monstros invasores da Horda.


História 

She-ra tem sido um dos desenhos mais gratificantes de acompanhar, quer seja pela sua incrível narrativa, a fenomenal e simpática equipe por detrás da obra e o próprio fandom repleto de pessoas com um amor enorme pela história que têm em mãos. Mesmo depois de ver o final custa-me a acreditar que realmente está obra exista e que foi criada com tanto carinho e maestria, já faz uns bons dias desde o lançamento e eu ainda tremo de emoção do quão boa foi esta jornada.

Isto pode parecer uma reação muito extrema de um desenho para crianças com a premissa de uma adolescente guerreira que em conjunto com outras princesas luta para manter a paz no universo, mas que faz muito sentido quando finalmente nos sentamos e assistimos.

She-ra e as Princesas do Poder tem 5 temporadas com a última lançada no passado dia 15 de Maio e desde a primeira temporada que as coisas têm vindo a crescer e moldar-se para culminar no incrível final que teve, mas não pensem que isto é um daqueles shows em que assistimos mil temporadas secantes para ter o final brutal.

Muito pelo contrário todas elas são muito bem trabalhadas e conseguimos sentir a pressão e dificuldade a crescer em cada nova entrada. Nós começamos com uma primeira temporada normal e divertida (da qual eu falei na minha primeira resenha), que vai tendo seguimento por outras melhores que vão mostrando os perigos e os dilemas que os nossos heróis passam.

A terceira temporada, que é a minha favorita, teve provavelmente um dos episódios mais difíceis de assistir, mas igualmente o mais viciante. Pois assistimos ao culminar do abuso, da raiva e peso que o nosso passado pode ter em nós e como isso afeta a valorização que temos para com nós mesmos. Todos estes elementos estão fortemente presentes em She-ra e o motivo de serem tão impactantes, mesmo não usando abordagens mais violentas e gráficas como em obras para uma faixa etária maior, é devido aos seus incríveis personagens.

Na obra tudo tem consequências e apesar de o poder da amizade ser algo predominante nunca é a solução para tudo, às vezes cometemos erros e custa muito mais do que lutar lado a lado para por certas coisas de trás.

Se me permitirem dar um ênfase específico em algumas personagens, eu gostaria de abordar um pouco detalhadamente a Catra, a grande arqui-inimiga da nossa protagonista Adora. Se leram a resenha da primeira temporada sabem que ela foi uma personagem que rapidamente me cativou, o que sendo eu uma grande apreciadora de vilões não surpreende nada. Mas conforme fui conhecendo mais desta gata cheia de raiva e maldade, mais me fui apaixonando pela sua história, pois é uma personagem cheia de camadas e fortes emoções.

Cada momento que ela está na tela rouba completamente a cena com a sua forte e ousada personalidade, mas o momento em que realmente brilha é quando adentra nas suas emoções e nos mostra a origem da raiva. Este é um daqueles momentos em que o público alvo provavelmente não vai conseguir captar a sua profundidade, mas que uma audiência mais madura verá uma pessoa quebrada e os próprios horrores que é crescer no lado errado da história. Não vou dar spoilers sobre o seu desenrolar na narrativa, mas ficam só a saber que para mim é a personagem mais bem trabalhada.


Adora, a nossa heroína, também não se fica muito atrás, apesar de não ter me captado tanto como a sua rival, ela também é uma personagem interessantíssima de acompanhar e que demonstrou perfeitamente que ser um herói não é só ser-se altruísta e sacrificar a vida constantemente pelos outros.

Tem muitas outras personagens que se deixarem eu ficaria horas a falar sobre, como o amor da minha vida Entrapta, Glimmer que teve um desenrolar controverso mas tão gratificante, Bow o pilar que mantém todos unidos, Scorpia o ser mais fofo do universo, etc.

E fiquem descansados que todos têm o seu tempo de antena, infelizmente não é o elenco todo que pode estar na tela 24/7, mas ao longo das 5 temporadas cada um tem o seu momento para brilhar. Dou o exemplo de duas princesas que são um pouco ignoradas ao longo da série, mas no final demonstraram-se incríveis!

Outro fator que me encheu o coração de felicidade e que deixou o fandom eufórico foi a incrível representação ao longo da obra, sei que para uns pode ser algo banal, mas para quem cresceu a ver desenhos e tinha que procurar migalhas para se sentir identificado nas obras que adorava, She-ra é simplesmente wow.

Nas primeiras quatro temporadas tivemos diversas representações LGBT como um dos protagonistas ter dois pais, duas princesas estarem casadas (algo muito sutil), um personagem non-binary (que por sinal eu amei muito e cuja pessoa que lhes da voz é igualmente non-binary), etc.

Mas foi a quinta temporada que revolucionou completamente ao ponto que eu fiquei uns bons dias sem acreditar que aquilo realmente era verdade. Todos os personagens que foram subtilmente introduzidos tiveram os seus beijos e os seus relacionamentos confirmados e foi tudo tratado com a maior normalidade, sem existir um sair do armário ou foco sequer, era algo normal e honestamente isso trouxe me lágrimas aos olhos.

PEQUENO SPOILER

Especialmente porque não é todos os dias que vemos uma protagonista lésbica cujo o romance tem sido construído desde o inicio da história!

FIM DO SPOILER

Avatar Korra foi aquela porta de entrada que permitiu muitos outros criadores puxarem por representação nos seus desenhos, sendo seguida por Steven Universe e Hora de Aventura, entre outros. She-ra a meu ver é um novo patamar e estou ansiosa para ver que outros criadores se sentirão inspirados para contar as suas próprias histórias.

Mas antes de encerrarmos gostaria de dizer o quão grata eu sou a Noelle Stevenson, a diretora, por ter criado algo tão maravilhoso. Se tiverem curiosidade eu vou deixar umas entrevistas onde a mesmas fala sobre o processo de conseguir manter a visão que desejava entre outros tópicos relacionados a série:

A Noelle Stevenson deu três entrevistas muito interessantes focadas na ultima temporada com a gladd, Gizmodo e Los Angeles Times.


Animação

A animação de She-ra não é um festival de sakuga, mas também não é por isso que deve ser desvalorizada. Ela é consistente e cumpre bem o seu propósito, mas se tiver que apontar elementos que realmente me cativaram, teria que ser a incrível iluminação e a expressividade dos personagens. Houve diversos segmentos que o olhar era suficiente para sabermos exatamente o que se passava na mente do personagem em questão, sem falar que subtis gestos que os mesmos fazem, diz nos mais sobre as suas verdadeiras emoções que as suas palavras alguma vez conseguiriam.

Eu tive o prazer de seguir grande parte da equipa no Twitter e ver o entusiasmo dos mesmos a interagir connosco fãs, assim como todo o material da produção que muitos partilharam. A algo muito prazeroso em ver uma equipa tão apaixonada pelo seu trabalho e recomendo muito espreitarem as contas dos mesmos, onde como irão encontrar diversas curiosidades sobre a produção.

Para quem tiver curiosidade recomendo o Twitter da directora Noelle Stevenson, Rae Geiger, Rian Sygh, Katy Farina, Oliver Tszeng, Emily hu, Grace Kum e Kiki Manrique. Esta é apenas uma pequena amostra do talento incrível que existe na equipa.




Músicas

A abertura é praticamente sempre igual, com excepção de alguns frames que são mudados para enquadrarem os temas da temporada em questão.


Vale a pena ver?

Sim, sim e sim! Quando eu digo que amo She-ra é um enorme eufonismo, esta obra realmente marcou-me e sinto que não vou esquecer tão cedo. Só tenham em mente que é uma obra direcionada para crianças e não aprofunda tanto os seus temas mais sombrios como alguns poderiam desejar.

6 comentários:

  1. também adorei a nova She-ra, minha mãe que pegou a antiga geração ficou um tanto chocada com essa revolução nas animações para o publico infantil mas concordou que adorou a narrativa e os personagens. Ótima resenha, não acompanho twitter e foi legal saber do entusiamo do pessoal da equipe. bjs adoro o blog acompanho há muito tempo mas não sou de comentar kk

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  2. Confesso que comecei a assistir She-ra escondido, no final da primeira temporada eu sai divulgando para todos meus amigos. Na teoria ele é bom, na prática ele é melhor ainda. 10/10

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  3. Seu blog é incrível! Adoro suas opiniões nas resenhas! <3 Continue assim!!!

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