30/06/2020

Resenha - The Last of Us Part II - Outros


Uns dias atrás saiu uma das sequencias mais esperadas no mundo dos jogos, para quem não sabe, The Last of Us foi um jogo lançado na reta final do PS3 e que marcou muitos, sendo um jogo mundialmente aclamado. Eu sou uma das pessoas que ficou rendida a essa jornada de Joel e Ellie, sendo o meu jogo favorito de todos os tempos.

Por esse motivo desde o anúncio da sequencia fiquei muito ansiosa, até comprei a edição de colecionador meses antes do seu lançamento e depois de ter ela nas mãos e finalizado o jogo, decidi compartilhar um pouco da minha opinião com vocês.


Começando pela parte técnica, posso dizer que é a melhor coisa que vi na minha vida, os detalhes que encontramos neste universo são impressionantes. A nível de gameplay é tudo super fluído e há algo extremamente gratificante em vermos a mochila com o nosso equipamento ou mesmo o simples movimento da Ellie a arrancar as flechas dos corpos. Outras coisas mínimas como o upgrade das armas em que vemos a personagem a desmonta-las ou os diversos cofres pelo mapa que conseguimos abrir só com o som, são tão extraordinários e ajudam imenso na imersão deste mundo.

A imersão também se encontra a nível das mortes e combates, é tudo bem gráfico, sentindo-se o impacto de cada golpe e por isso tem havido algumas críticas devido a trabalhadores serem obrigados a ver vídeos violentos como no Mortal Kombat, mas uma funcionária compartilhou a sua experiência e em como a equipe teve cuidado com isso.

Vale salientar também que a Naughty Dog, estúdio responsável pelo jogo, sofreu enormes horas de crunch para conseguir entregar este trabalho incrível. Eu não acho que nenhum funcionário deva ser sacrificado para entregar um jogo seja ele incrível ou não, pelo que o mínimo que podemos fazer é agradecer a equipe e compartilharmos o nosso descontentamento para que as empresas saibam que não queremos este comportamento tóxico nos nossos jogos.

Art Director: John Sweeney

Continuando agora para o ponto que deu muito o que discutir entre a comunidade, a história do jogo. Este é um tema muito controverso, mas no meu caso eu adorei, foi uma das experiências mais brutais e devastadoras que tive como fã de entretenimento quer seja a nível de jogos, filmes, animes, livros, etc.

O tema da sequencia é vingança e ele foi tão bem trabalhado que no final eu praticamente arrependia-me de tudo, até do primeiro jogo. Como o Kratos diria "This path you walk, vengeance, you will find no peace, I know" e a maneira como a obra aborda está ideia da vingança não trazer paz de espírito é excelente.

Nós acompanhamos duas personagens cheias de ódio sendo elas Ellie e Abby, ambas cometem atrocidades e caem neste caminho sem volta de sofrimento e angustia. Elas são a representação perfeita do ciclo do ódio e de como no fim do dia, não passamos todos de pessoas a tentar sobreviver. Obviamente isto vai trazer desigualdades entre os fãs, pois uns vão estar a favor da vingança da Ellie (eu incluída), outros se calhar vão se aliar ao outro lado ou até estar contra todos e ver isto como uma enorme falha por parte de todos os envolvidos. Existe diversos lados da mesma moeda e tem sido muito divertido ver a opinião de cada um.

Outro tópico que deu muito que discutir, mesmo antes do lançamento do jogo foi a representação LGBT e as diversas criticas de estarem a forçar isto nos jogadores, etc... Desde já posso dizer que não é nada forçada, Ellie para quem não sabe tem uma namorada Dina e o relacionamento das duas é sim um fator importante na vida da nossa protagonista, tal como Elena era para o Drake em Uncharted. O relacionamento das duas é muito bem feito e achei uma excelente representação de um típico namoro adolescente.

Character Concept Artist: Alexandria Neonakis

Tirando elas, temos um personagem trans, quando joguei achei bem feito (outra vez nada forçado) tendo o mesmo até virado um dos meus personagens favoritos. Todavia a comunidade trans saliento alguns problemas que eu realmente não tinha notado, deixo aqui uma thread de uma amiga e um artigo onde é explicado melhor os problemas nesta representação.

Mas Katie, só falaste coisas boas sobre o jogo, quer dizer então que ele é perfeito? Infelizmente não, apesar de sim me ter agarrado imenso ao ponto que eu até perdi refeições para continuar a jogar, senti um enorme problema no que toca a longevidade.

Para terem uma ideia, no original precisavam de umas 15h para o completar, na sequencia vai para as 20/30h. O número de horas em si não é o problema, eu fiz na boa 99h no Zelda Breath of The Wild, mas em The Last of Us Part II chega a um ponto em que honestamente o gameplay começa a perder a piada. Isto até pode ser culpa minha por ter literalmente jogado sem parar, mas a verdade é que a dada altura eu só queria que acabasse.

Tem dois motivos que penso serem responsáveis por isso. Primeiro o gameplay apesar de ser muito bom, eu realmente amo o stealth deste jogo, começa a ficar repetitivo ao fim de umas horas a fazer sempre o mesmo. O segundo já cai um pouco na minha apreciação pela Abby, apesar de achar a historia dela essencial para a obra, irritou-me um pouco ela ter o mesmo tempo de antena que a Ellie. Admito que não consegui simpatizar com a personagem e que achei a sua historia um pouco aborrecida.


De resto o jogo foi incrível, uma salva de palmas para a dublagem portuguesa que eu adorei, a Joana Ribeiro foi perfeita como a Ellie (eu amo aquela mulher em tudo que faz) e a dobradora da Dina que vendeu-me completamente a personagem. Tanto o Troy Baker (Joel) como a Ashley Johnson (Ellie) estão igualmente incríveis na versão inglesa.

Para acabar o pensamento da maioria deve ser: "O jogo é melhor que o original?" A resposta é sim e não. Não, porque para mim o primeiro é perfeito do principio ao fim e como referi houve umas partes onde o segundo me aborreceu um pouco e sim, porque foi a obra que mais me marcou, eu nunca chorei tanto num jogo, houve decisões e acontecimentos que me deixaram tão triste que eu não consegui dormir no dia em que o acabei.

Para terem uma ideia depois de acabar o jogo estava de rastos, a chorar e tremer sem parar, foi uma experiência que nunca tive com outra obra na minha vida. Se calhar isto até parece um ponto negativo, mas para quem gosta de historias dramáticas e fortes não posso recomendar o jogo o suficiente.


Agora vou comentar algumas coisas com spoiler de forma bem informal, mas se não quiserem saber nada sobre o mesmo evitem ler essa parte. 

Começando pela Abby, eu realmente não consegui mesmo conectar com ela, a historia dela é essencial para termos a carga emocional, mas ela matou o Joel porra! Sem falar que eu não gosto mesmo nada de personagens que traem e o facto dela ter dormido com o Owen, sabendo que ele estava com a amiga que estava grávida deu me muita raiva. Só comecei realmente a ganhar um carinho por ela quando a vemos com o Lev, os dois têm uma dinâmica incrível e bonita.

Falando no Lev, eu amei muito esse miúdo! Ele é fofo e a maneira como ele consegue saltar entre edifícios é mesmo muito brutal! Eu realmente não vi problemas nele, mas depois de ouvir a opinião de pessoas da comunidade percebi que realmente o jogo devia ter deixado ele falar dos seus problemas, em vez de a sua historia ser contada por terceiros sem o seu consentimento. Eu realmente recomendo lerem o artigo pois expressa o problema mil vezes melhor do que eu alguma vez conseguiria.

O culto dos Serafitas foi outra parte que eu adorei, eles deram uma nova perspectiva neste universo e uma coisa que adorei muito foi como a religião foi abordada. Era muito fácil ter o Lev e os jogadores a dizer que eles são maus no geral, mas em vez disso a obra demonstra como o Lev se mantém religioso e que muitos dos ensinamentos dos Serafitas são bons, só tirados de contexto e levados ao extremo. A nível de gameplay também os achei bem únicos, os assobios foram um detalhe de mestre. (A guerra deles com os lobos foi avassaladora! Parecia mesmo que estávamos a passar pelo inferno.)


No que toca a morte do Joel, sei que houve muita gente que odiou e que grita aos céus a dizer que ele merecia melhor. Também o acho, mas adorei a morte dele. O Joel fez algo horrível, para muitos é justificável, mas não podemos negar as vidas que destruiu, não só as que matou, mas toda a população que foi roubada de uma cura. A forma no geral é horrível e obviamente que preferia que ele tivesse morrido velhinho ao lado da Ellie, mas a brutalidade foi essencial para começar está aventura catártica. (Mais alguém ouviu a Ellie de 14 a dizer que toda gente na vida dela morreu ou a deixo menos ele nesse momento? ;_;) Mesmo tendo sofrido imenso não mudaria literalmente nada.

Agora a Ellie foi brutal neste jogo, a sua caída na vingança foi perfeita, o sofrimento dela era palpável e a forma como ela recriava algumas das técnicas do Joel nesta caçada deu me uma mistura de orgulho e desapontamento, especialmente quando chegamos ao fim da parte da Abby.
Ellie também foi a personagem que mais me devastou, eu amo muito ela desde o original e ver a forma como ela perdeu tudo e nem consegui-o finalizar a sua vingança destrói me.


Sou a favor de que a Ellie devia ter morto a Abby no final, apesar de estar feliz que ela não o fez, estranho eu sei. É que o maior medo da Ellie era ficar sozinha e no fim enquanto a Abby consegue a sua vingança e foge com o Lev, ela não tem ninguém, está quebrada e só. Parte de mim questiona-se se ela ter morrido não seria mais simpático.

Acredito que a decisão de matar a Abby devia ter ficado nas mãos dos jogadores ou então deixar algo bem ambíguo como o final do primeiro onde havia a incerteza sobre a Ellie acreditar no Joel ou não. De resto aquela luta final foi simplesmente wow! Lembro me muito a luta do Naruto contra o Sasuke.

A muita coisa que gostaria de falar, mas que simplesmente ainda não consegui encontrar as palavras para as expressar, mas uma coisa é certa o simples pensar na Ellie naquela casa vazia a tentar tocar a musica do Joel enche me de lágrima. Eles estavam a começar a conectar se outra vez! Sério aquele ultimo flashback matou-me por dentro...


The Last of Us Part II foi uma experiência crua, dolorosa e inspiradora, sem dúvida um dos melhores jogos que tive o prazer de jogar. A história de Ellie Williams vai ficar eternamente no meu coração e mal posso esperar para ver o próximo trabalho do estúdio.

4 comentários:

  1. Esse era uma franquia de jogo que não precisava de uma sequência, mas a fizeram e eu fiquei animado para jogar e no fim não gostei.

    O tema do jogo é vingança e o que as pessoas podem fazer (e abandonar) por causa de ódio que esse sentimento causa.
    Nessa busca por vingança a Abby perdeu a maioria dos seus amigos queridos e Ellie perdeu tudo também. No fim, nenhuma delas ganhou nada mesmo saciando o desejo de vingança, até imaginei a Ellie matando o Lev para deixar a Abby mais doida da vida, porém não aconteceu.

    Só acho o jogo podia ter uma sequência de eventos melhor, até para termos mais conexão pela Abby, e na minha opinião não teve.

    Mesmo com essa sensação de "ué", eu não acho que foi um jogo ruim.

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    1. Também acho que o jogo não precisava de sequela, mas depois de a jogar realmente achei uma excelente adição. Mas também percebo perfeitamente como alguns podem não gostar, esta discrepância de apreciação é sem duvida um dos pontos altos nestes jogos controversos.

      Não consigo ver a Ellie a matar o Lev, alias eu gosto de pensar que um dos motivos de ela ter poupado a Abby foi pq lhe lembrou a maneira como o Joel fazia tudo por ela. (puro headcanon da minha parte aqui xD) Mas no estado em que ela estava não me surpreenderia muito se acontece-se realmente. :/

      Gostei do teu ponto sobre a sequência, realmente ela podia ser melhor organizada quem sabe a rota da Abby tivesse sido mais fácil de percorrer com algumas alterações nesse departamento.

      Obrigada por teres partilhado a tua opinião. ^^

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  2. Zerei pelo YouTube mesmo porque sou liso (ಥ﹏ಥ) mas gostei da história.

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    1. Eu só tenho PS2 kkk essas resenhas de game é com a Katie mesmo kkk

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